E de repente todos estavam longe, e ela, sozinha.
Alguns viajaram, outros tinham programas dos quais ela não fazia parte – coisa de gente do trabalho, grupos da escola, reuniões e festas com amigos dos irmãos ou dos amigos que ela nem conhecia.
Ficou sozinha em casa durante o fim de semana. A vizinha mais chegada, grande amiga, fora visitar a mãe e ficaria fora da cidade dois dias. O namorado a serviço num estado do Norte, distante como outro país.
Respirou fundo, relaxou os músculos e sorriu. Não sorria de dentro pra fora, mas de fora pra dentro. Queria com aquele sorriso provar a si mesma que era possível. Ainda que fosse gregária demais, ainda que a companhia das pessoas queridas lhe parecesse uma condição de felicidade.
Pensou em pessoas ainda mais distantes. Os que perdera de vista. Os que não voltariam nunca mais.
Pensou neles, um por um, e sorriu para cada um. Os distantes, os queridos. Aqueles que logo estariam de volta. Todos existiam, mesmo longe dela. Era bom lembrar disso.
Então, depois do exercício de lembrar, sorrir, amar de longe, sentou para trabalhar.
Toda concentrada no que fazia, estava plena e satisfeita com a vida.
20 comentários:
gGOSTEI DESTE SEU TEXTO, AMIGA!bEIJO
Dade, não sei se já soube, mas Arquimimo está com novo blog: www.arquimimo.pro.br - Beijos!
Muito legal...Abraços.........
Gostei muito do Post.
Isso aí, Adelaide...Aprender a lidar com a solidão é um crescimento, sabemos, não?
Afinal, quem tem vida interior rica, quem tem afeto e está de bem com a vida, deve fazer da solidão um momento de voltar-se a si-mesmo( re-flexão, dobrar-se para dentro).
Aliás, solidão, por opção própria, é o exercício do melhor aprendizado da realidade ( interior e exterior).E proporciona até uma "satisfação" mesmo!
Nossa! Fui tão repetitiva! rs
Beijos, queridíssima!
Dora
Obrigada, querida Amélia. Um grande beijo.
Nanda, o Arqui é mara! Ele não ia parar. Beijo beijo.
Abraços, Vanessa, e prazer em vê-la.
Cara Elizabete, obrigada pela visita. Um abraço.
Dora querida, sei que você entende disso. Um beijo com muito carinho.
Pois é...gosto do que também aprendi; existir em nós mesmos é uma sensaçao bela, como teu texto. Um 'trabalho' de cuidados e tempo...
beijo da El
Posso garantir que é possíve, Dade.
Beijo, querida minha.
Sei bem que você partilha essa experiência, Eliana. Beijo.
Olá, Crisete! Saudade de você. Beijo.
Sabe?
Admiro quem tem este tipo de sentimento. Ficar feliz com a solidão.
Eu particularmente não consigo, me sinto incomodada com a solidão.
Gosto de alegria, de falas, de risos, enfim, de companhia.
Mas um belo conto, que me fez pensar e me colocar no lugar do personagem.
Um beijo querida.
Aninha, também acho que risos, fala de gente e presenças queridas são insubstituíveis. Beijo grande.
Oi Adelaide.
Eu não tenho este relacionamento tranquilo, bucólico, com a solidão. No entanto, vivo só a maior parte do tempo - ou melhor, para ser mais exato, em companhia do computador, do rádio, da tevê. Mas gente é melhor.
No findi vou na história incompleta, me atualizar.
Um beijo.
Jens, como eu disse à Aninha, também adoro gente, barulho de fala, risos, uma certa confusão inerente. Mas é preciso ficar só de vez em quando. Beijo!
Já vivi essa cena algumas vezes e esse é o tipo de solidão benigna, na qual ficamos sós por algum tempo sem sermos sós. A solidão maligna é aquela na qual realmente estamos sós, muitas vezes cercados de gente, porém, completamente sós. Às vezes é delicioso estar sozinha e poder escrever livremente sem interrupções. Amei o texto!
Bjos
Ariadna
Um grande beijo pra você, Ariadna, e um fim de semana produtivo, porém bem acompanhado ;)
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