quinta-feira

A companhia das coisas


Foto Andrei Gurgel.


Minha amiga mais recente me disse que, durante alguns anos de sua vida, pensou que um dia seria dona de uma loja de presentes, desses que a gente gosta de ganhar e de dar para fazer felizes aqueles que amamos. Também sou louca por objetos, coisas ditas inanimadas, mas capazes de animar as pessoas e criar ou modificar o ambiente onde se vive. Para isso, um objeto não precisa ser necessariamente valioso e caro. Ela tem caixinhas e descansos de mesa feitos de palha, porta-guardanapos de madeira e simples tigelas de uso diário escolhidos pelo desenho, porque são boas de usar ou porque lembram alguém que gosta de lembrar.
A gente tem recursos pra mudar o exterior quando o interior está pouco convidativo. Ela parte para lojas de decoração, às vezes só pra olhar ou trazer para casa um cinzeiro original, um vaso bonito, um porta-retrato diferente. Tem uma coleção de caixinhas, adora luminárias e estantes, que nunca são demais para os livros que chegam sem parar. Também concordo com ela em que almofadas e mantas são ótimas de escolher e ver em casa.
Gosto muito de conhecer a relação das pessoas com seus objetos. Meu pai tinha tinteiros de vidro onde molhava suas canetas de pena, pesos de papel de cristal que me faziam sonhar e um mata-borrão que eu adorava vê-lo manejar sobre o papel de tinta fresca, além da caneta-tinteiro, uma Parker preta listradinha de cinza que nunca esqueci.
Os objetos têm uma importância que vai além do mero uso que fazemos deles. Falam de nossa vida, representam sempre alguma coisa que gostaríamos de lembrar ou esquecer, podem evocar acontecimentos de que nem lembramos mais, e que ficaram “embaixo do tapete”, mas ainda mexem conosco. São sempre signos, menos ou mais fracos. Nos ligam a pessoas que amamos e já se foram ou estão distantes e gostaríamos de rever. São testemunhas falando uma linguagem que às vezes só nós entendemos.




Aniversário é dia de ganhar presente

Nossa querida Cris, do Cris(es), faz anos hoje.
Presentes, ela merece muitos e dos melhores. Mas como intenções não se materializam via internet, a gente manda imagens pra ela. Lá vai, Cris!

Aqui você encontra um poeta pouco conhecido que eu, particularmente, amo muito.

E aqui, uma coleção de músicas de que você vai gostar.

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A história continua incompleta, mas tá lá ;)

18 comentários:

Cris disse...

Lindinhaaa!!!!

Obrigadíssimo pelo presente trifásico que encontrei aquí: afetivo, musical e literário. Amei o poeta;mais que isso: me identifiquei com "Além mar", sua danadinha!

Beijo, querida minha.

dade amorim disse...

Tudo de bom, Cris! A gente só quer ver você muito feliz da vida. Beijo, abraço e muito carinho.

Jens disse...

Oi Adelaide.
Drummond disse "são tristes as coisas, se consideradas sem ênfase". Ainda bem que este nao é o teu caso. Excelente crônica.

Estou acompanhando a história incompleta.

Um beijo.

Nanda disse...

Dade, aqui somos meio loucas, porque muitos objetos têm nomes, inclusive os carros que tivemos...rs - E a tv grande de lcd da sala, batizei de 'Ex-telinha'...rs- Agora até a garagem anda enfeitada com alguns bichos, dentre eles, lindas borboletas. Beijos!

Carol Timm disse...

Adade,

Adorei a história da loja e fiquei pensando que podia ser a minha história, ou a da Carol que ainda não vivi.

Quanto aos objetos, eu mobiliaria duas casas com os que venho guardando...

Eu também já dei muito nome aos objetos, incrível como tem mais gente como a gente do que a gente pensava, né?

Aos poucos, lentamente, vou aterrizando das férias e me adaptando ao inverno quente daqui.

Beijos,
Carol

dade amorim disse...

Jens, as coisas são companheiras importantes na vida da gente, pode crer. Beijo.

dade amorim disse...

Nanda, dar nome às coisas é ótimo e muito saudável. Naõ ligure pra opiniões em contrário.
Beijocas.

dade amorim disse...

Carol minha flor, quem sabe a gente não abre uma sociedade pra vender coisas fofas? :)) Beijo beijo!

Lunna disse...

Não é mesmo engraçado como as pequenas coisas fazem diferença? Inanimadas, mas capazes de animar... Bjs
Lunna

dade amorim disse...

Verdade, Lunna, as coisas têm sua força. Beijo.

Beti Timm disse...

Dade, mesmo os objetos, que são inanimados, contam histórias, pedacinhos de vida, por onde estiveram ou vão estar.

Sou muito apegada as coisas que me recordam algo!

Beijos e parabéns a Cris.

Andréa Claudia Migliacci disse...

Adelaide, Me procura urgente por email ou msn, preciso de vc no nosso livro.
acmigli@hotmail.com
ou pelo blog,
APARECE!!

dade amorim disse...

Pois é, Beti. As coisas marcam momentos da vida, fazem lembrar pessoas queridas, sem falar no clima que elas podem criar em nossas casas.
Beijos pra você.

dade amorim disse...

Andrea, minha fia, tou lá no Pé na Cova, deixei emaiul e tudo. Beijins

Juliêta Barbosa disse...

Adelaide,

Seu texto, hoje, cabe inteirinho na minha saudade...Obrigada!

dade amorim disse...

Fico contente de ter te lembrado alguma coisa boa, Juliêta. E obrigada por ter dito isso. Beijos.

Anônimo disse...

Querida, eu sou capaz de dar um colar de brilhantes, mas o meu brinquinho de 15 anos e que foi comprado nas Lojas Americanas, NEM MORTA! Tenho carinho pelas minhas tralhas, não muitas, mas especiais apenas para mim.
Beijocas amorosas
Yvonne Dimanche

dade amorim disse...

Esse é o espírito da coisa, Yvonne.
Beijos pra você.