segunda-feira

Minhas pombinhas


Foto Arthur K.

Vem aí o Dia Internacional da Mulher.
Que mulher? A variedade do gênero é infinita. Tem pra todos os gostos, todos os tipos. E não falo do tipo físico, que obviamente é o que menos interessa para a celebração.
            Pode-se entender isso no sentido politicamente correto – o chamado óbvio ululante: as mulheres merecem todo respeito porque são seres humanos como nós (homens). Aí entram sorrisos, flores, eventos dedicados ao dia, que dura vinte e quatro horas ao fim das quais tudo volta ao normal. Ou poeticamente: flores do planeta, seres delicados e românticos, luz de nossa vida (vida dos homens).
            As musas são seres inspiradores, sejam capas de revista ou ao vivo. Merecem exacerbadas homenagens que levam muito em conta a anatomia, a imagem desses seres divinais. As mulheres adoram e às vezes até se comovem muito com esse tipo de homenagem, não fossem elas sedutoras pela própria natureza, e saem correndo pra marcar a próxima plástica.
            Sentimental é o louvor dos filhos, do marido, homenagens singelas mas sinceras das pessoas mais ligadas a elas, que certamente as sensibilizam muito.
Pode-se entender a homenagem como uma forma de reparação por todas as injustiças, violências e trabalhos forçados por que as mulheres passam em todo o mundo, passaram e passarão ainda por muito tempo e em muitos lugares. Pela jornada tripla ou na melhor das hipóteses dupla de trabalho. Pela exploração em todos os níveis e tipos de atividade em que ela faz a mesma coisa e ganha menos que os parceiros homens. Pelas limitações que muitas civilizações e costumes lhes impõem pelo simples fato de serem mulheres. Pelas mutilações físicas, pela proibição do prazer, pela opressão, pelo controle da sociedade de mentalidade machista que contamina até as mulheres mais incautas e desinformadas.
Cá comigo acho que neste dia as mulheres deviam agradecer educadamente todas as homenagens, ficar felizes pela simpatia que despertam e tratar de pensar muito a sério no que é mesmo que elas querem da vida. Se algum dia conseguirmos chegar a um consenso, minhas pombinhas, o mundo vai mudar pra valer.
Enquanto não muda, vamos pôr as flores na jarra.

4 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Enquanto as mulheres precisarem dos homens para se libertarem, estão tramadas mesmo...
Gostei do teu texto. É muito claro e subscrevo-o no essencial.
Beijo, querida Dade.

AC disse...

"...e tratar de pensar muito a sério no que é mesmo que elas querem da vida. Se algum dia conseguirmos chegar a um consenso, minhas pombinhas, o mundo vai mudar pra valer.
Enquanto não muda, vamos pôr as flores na jarra."

O mundo irá mudar em todas as vertentes, só pode, e uma verdadeira mudança implica sempre a ascensão da mulher ao seu verdadeiro lugar. O conceito de harmonia de vida ganharia muito com isso.

Beijo :)

dade amorim disse...

Obrigada, Nílson amigo.

Beijo.

dade amorim disse...

Concordo plenamente, AC amigo.

Beijo beijo.