Ela nasceu no dia 17 de março de 1945, mas durou pouco: foi embora no dia 19 de janeiro de 1982, por conta de uma mistura explosiva de cocaína, tranquilizantes e bebida alcoólica. Estávamos em São Luís do Maranhão, jantando uma caldeirada incrível, no restaurante do (também falecido) Germano, servidos por garçonetes vestidas de branco como mães de santo, quando a televisão deu a notícia. Lembro que houve um silêncio repentino, todo mundo de olhos pregados na tv.
Elis era tão perfeita no que fazia, que sensibilizava as pessoas, mesmo que alguns não se apercebessem da razão disso. Ela ia fundo, tocava lá no nervo mais escondido e emocionava o público com sua própria emoção. Tinha tudo pra dar certo: uma voz belíssima e poderosa, bossa, ritmo, ginga e sensibilidade à flor da pele. Até demais.
O produtor Walter Silva contou à Folha de São Paulo: «Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: menina, você vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado.» (Daqui.)
Vejam só a interpretação antológica de Elis para Atrás da porta, do Chico Buarque.
Há pessoas que nascem estrelas. Elis foi uma dessas. Tudo nela era espontâneo, natural e fácil, quando se tratava de cantar. Valorizava as músicas que interpretava, e era impossível ouvir e ver sua performance sem ficar com ela na memória para sempre.
32 comentários:
Adelaide, é a minha preferida também!
abraço
e minha...a mais bela das vozes: gosto tanto dela quanto da Maria Callas ou da billie holiday,ou da nossa amália rodrigues...
sei con9o diferem, mas todas elas me fazem sentir como uma graça o estar viva...De entre as brasileiras, e em registo completamente diferente, a Maria Bethãnia.
Oi Adelaide.
É fim de noite ou início da madrugada (00:40), você decide. Antes de desligar o computador decidi dar uma olhada na minha turma, pra ver se não havia novidades. Me deparei com a informação que havias postado 4 horas atrás. Titulo: Elis, ainda minha cantora predileta. Agradavelmente surpreendido (entre as minhas relações, apenas a apresentadora de rádio Beatriz Fagundes, pela manhã na rádio Pampa, e você registraram o evento). Vim correndo conferir, pois Elis também tem a primazia do meu afeto musical. Mal comecei a ler o post e fiz beicinho contrariado quando percebi o vídeo onde ela canta Águas de Março. Nada contra, mas eu queria e esperava que você colocasse Atrás da Porta, que ela interpreta magistralmente. Rolei e página e a boca bicuda se abriu num sorriso ao constatar, mais uma vez, a convergência de intelectos e sensibilidade. A forma como ela interpreta esta canção é nada mais nada menos do que estupenda. Não estamos diante de uma cantora, mas de uma intérprete definitiva da dor do abandono e do desprezo. Tem um show (passou na Globo e na TVE), onde ela, bela e elegante dama de vestido vermelho, cabelos crespos à altura dos ombros e maquiada com esmero (batom vermelho destacando lábios rubros) vive esta canção com tal intensidade que lágrimas brotam não apenas dos seus olhos, mas também de quem a vê e ouve. Ela libera a emoção mas a mantém sob controle - os danos à maquiagem são discretos e em nenhum momento a voz desafina. É a performance de uma artista madura, com pleno domínio da sua arte.
Dizem que ela era gaúcha. Apesar de ser bairrista, discordo. Elis foi e sempre será brasileira. Nasceu no coração do Brasil. Até agora, é a nossa cantora mais completa.
Valeu a lembrança e a homenagem.
(Ah, claro que o talento Francisco Buarque de Hollanda também merece ser louvado. Evoé, Chico).
Beijo, Adelaide.
Ery, Elis foi um fenômeno que acontece talvez uma vez no século. E que falta que ela nos faz!
Beijo.
Que bom, Vanessa! Gostei de saber. Beijo.
Tem razão, Amélia, concordo inteiramente com você. Beijos.
Vi esse show três vezes, Jens, e chorei em todas. Há momentos em que chorar é a única saída. Beijos.
Tem gente que vem ao mundo para ser eterno, como a sempre-viva Elis.
Adorei a homenagem, querida!
beijos!
Também acontece comigo. Há inúmeras vozes e estilos na MPB, mas, nunca consegui colocar em primeiro lugar outra cantora e intérprete que não fosse Elis.
Fiquei entusiasmada, a princípio com Maria Rita, filha dela. Mas, infelizmente, ela não chegou a ser a estrela que prometia, talvez ofuscada pelo próprio peso da fama materna.
A interpretação de Elis Regina, nessa canção "Atrás da porta" tira a gente do sério, não? rs É magnífica! Arranca lágrimas sempre, a cada audição...
Saudade de Elis Regina você me fez sentir...
Beijos, minha querida!
Dora
Sim, querida Adelaide... elis tinha esse dom. Para mim, uma das maiores cantoras do Brasil, sem dúvida. Um gênio complicado, sei de algumas histórias escabrosas dela. Mas não há quem não se emocione a fundo por ouvir Atrás da Porta. Boa lembrança. Elis para sempre.
Quanto à notinha... Estou rindo até agora!
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
Adelaide
Acabei de encontrar o Umbigo do Sonho, e gostei demais.
Ah, Elis... Saudade.
beijos
Interpretações ANTOLÓGICAS, de fato. E como parece fácil, natural. Ela não canta, apenas, a música. Ela É a música.
Oi, Adelaide,
Eu era muito jovenzinha quando assisti ao show "Falso Brilhante" . Me marcou muito. meus Deus, quanta intensidade!
beijo, querida.
A frase é clichê, mas pura verdade - pena que ela partiu tão cedo... Vou ficar sem micro um tempinho, por conta da reforma. Beijos e até a volta, Dade!!!
Na música tenho hoje, tantos outros amores. Mas a Elis é aquela minha amante ou diria aquele primeiro amor, primeiro beijo que a gente não esquece nunca!!!
Eu vi esse Contra ponto. rsss
Muito bom mesmo!
bjss
Pois é, Bia, a arte faz isso, torna as pessoas nossas queridas. Um beijão.
"Saudade às vezes é bom, pra gente se convencer que é feliz sem saber, pois não sofreu" - lembra da canção?
Beijo beijo.
Marco, quanto à notinha da Folha, parece que um dos sintomas do analfabetismo funcional é não saber ouvir. Parece que não tem nada a ver, mas tem, presta bem atenção. Beijo!
Nydia, fiquei contente de te encontrar por aqui também. Um grande grande beijo.
Pois é, Marcello, a arte tem dessas coisas. Um beijo pra você.
Você usou a palavra certa, Cris: intensidade. Beijo dos grandes.
Nanda, não demora não, viu?
Beijo e felicidades com a casa.
É verdade, Vanessa, Elis foi única. Beijo pra você.
Adelaide,
Falar da Elis é falar do belo, da maravilha em forma de ser iluminado, cuja luz se apagou cedo de mais, ou não? jamais teremos outra interprete como ela, que vivia o que cantava. Atras da porta é minha música preferida. Obrigada pela visita e pelo carinho em meu blo.
Beijos
Oi, Adelaide,
Passei para te deixar um beijo.
Beti, gosto muito do carinho que transpira do teu blog, viu? Beijo.
Cris, vou lá te deixar outro ;o)
OBRIGADA Adelaide! re-ouvi Elis e fiquei emocionada. Adoro a sua voz, a sua expressão. Um beijinho.
Humm.. voltei! Tem meme lá no meu blog pra vc!
bjs
adelaide:
este umbigo não é pouco.
um abraço.
romério
Fico contente, Gisela.
Beijo.
Oi, Vanessa, olhaí! Tá certo? Beijo.
Romério, deixei recado pra você lá no blog, viu? Beijo.
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