terça-feira

A companhia das coisas


Imagem encontrada no Facebook, sem meção de autor


Durante alguns anos de minha vida, pensei que um dia seria dona de uma loja de presentes, desses que a gente gosta de ganhar e de dar para fazer felizes aqueles que amamos. Sou louca por objetos, coisas ditas inanimadas mas capazes de animar as pessoas e fazer seus olhos brilharem. Para isso, um objeto não precisa ser necessariamente valioso e caro. Tenho caixinhas e descansos de mesa feitos de palha, porta-guardanapos de madeira e simples tigelas de uso diário que amo pelo desenho e pelo material de que são feitos. Uma vez fiquei siderada diante de uma molheira e não consegui seguir meu caminho antes de entrar na loja e levar para casa meu presente.
Muitas mulheres correm a mudar a cor dos cabelos ou comprar roupas e sapatos quando estão tristes ou decepcionadas. Eu compro coisas, antes de qualquer outra providência. Também recorro ao cabeleireiro, é claro, mas nunca pintei os cabelos – faço um novo corte, uma boa massagem; às vezes vou procurar uma roupa nova – esses recursos que a gente tem, graças a Deus, para mudar o exterior quando o interior está pouco convidativo. Mas antes passo nas lojas de decoração e trago de lá um cinzeiro original, um vaso bonito, um porta-retrato diferente. Tenho uma pequena coleção de caixinhas, adoro luminárias bonitas e estantes, que nunca são demais para os livros que chegam e sempre estão precisando delas. Mas há as almofadas e as mantas, quer coisa mais gostosa de escolher e ver em casa?
Quando compro ou ganho algum objeto, experimento seu convívio como quem avalia um vizinho novo. Deixo-o num lugar em que eu o veja a toda hora até que se integre ao dia-a-dia. Paro de vez em quando para conhecer melhor a novidade; examino, pego e invento novos lugares para pousá-lo até que se harmonize com a paisagem e o clima da casa. Quando isso acontece, saio procurando seu lugar definitivo. É a prova de fogo, depois da qual quase sempre o estranho vira membro da família

6 comentários:

Bípede Falante disse...

Também tenho adoração por esses pequenos detalhes feitos de matéria que me dou ou ganho.
O senhor bípede diz que eu sou a dona teteia de tanto que gosto de caixinhas, enfeites, almofadas etc.
Eu nem sei dizer o porquê. Sei que as tenho com carinho.
Beijoss :)

AC disse...

"É a prova de fogo, depois da qual quase sempre o estranho vira membro da família"
É então chegada a hora de outro "estranho" entrar em cena, não é, Dade?
Eu sou muito selectivo nos objectos, só adopto aqueles que me dizem mesmo muito.

Beijo :)

Dulce Miller disse...

Eu adoro caixas de todos os tipos, principalmente as decorativas ou daquelas que servem para colocar um presente dentro. Esses dias vi uma grande em formato de livro antigo, com capa e tudo (era uma caixa de madeira) olhando pra ela, eu jurava que era um livro de verdade, tamanha era a perfeição da arte. Só não comprei porque tava sem grana mesmo... rsrs

Mudar coisas exteriores para ver se muda algo no interior é normal, faço isso constantemente (como pintar os cabelos, por exemplo) ou mudar os móveis de lugar na casa. Normal. Eu acho :)

Besos

Ira Buscacio disse...

Olá, Dade, eu entendo bem desses estranhos seres íntimos, pois já os tive em pencas, mas fui aprendendo a me desapegar das coisas, sem lamentos. Um dia, me descobri em excessos, coisas e mais coisas, que só nos acumulam, aí deixei que seguissem seus caminhos, como é natural dentro do processo de viver. hj, eu tenho apenas o que realmente preciso. Foi minha escolha!
Bj grande e bom conversas contigo

Anônimo disse...

Não tenho esta relação com as coisas, contudo às vezes gosto muito de alguma coisa que compro ou ganho, quando minha filha percebe que me interesso por algo novo, logo diz: - entretido com brinquedinho novo!
Manoel Carlos

mfc disse...

Gosto desse teu comedimento e critério nas compras!
Beijinhos,