Um balão, um grande balão branco, restinho da noite de São João. Deve ter vagado, uma boa parte de noite, confundindo sua estrela e móvel cm as estrelas quietas e prateadas, ameaçando incendiar nuvens. Deve estar cansado, é tão diferente de tudo! No início seria talvez divertido conhecer lugares novos, amplidão, luzinhas esquisitas. Achou-as bonitas, e o céu acima das nuvens, bonito o céu acima das nuvens - profundo de uma treva pura.
Mas tudo cansa. Sentiu-se inútil o balão, porque nada se beneficiava de sua mobilidade. Não podia compreender a finidez dos outros.As nuvens vêm de lá para cá, desmancham-se. Lutava contra seu fogo, que ameaçava reduzi-lo a cinzas; lutava contra o desespero do infinito, incapaz de entender. Contra a discrição implacável das estrelas, sempre à espreita.
Então o grande balão branco, restinho da noite de São João, chorou. Suas lágrimas deslizaram para o horizonte e - milagre! - o horizonte se incendiou pouco a pouco. Tudo foi ficando claro, a última estrela já não podia mais resistir, e fugiu, também ela, cansada mas feliz.
O balão se deixou levar. A liberdade tinha surgido das lágrimas.
3 comentários:
Sou o Enylton, adorei!
Beijo
Muito bom esse texto.
Beijos pra vc.
Delícia, querida Dade!
Beijo do Ivan
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