quinta-feira

Papai Noel não existe



                                                                        Imagem sem nome de autor


Espécime ambíguo e pouco confiável que é o ser humano. Investimos recursos incomensuráveis para fazer a guerra – que é o jeito oficial e socialmente aprovado de dar vazão à fera que vive em nós. Os fora-da-lei apostam a vida – e de um modo ou de outro a perdem – no jogo da violência e da força bruta; outros, como os políticos desprezíveis e os servidores públicos de mau caráter que conhecemos tão bem, usam os cantos menos claros da lei para arquitetar golpes milionários, enquanto falta o mínimo para que tantos possam viver com decência. Quantas maneiras existem de matar?
Parece bem verdadeiro que o coração não se perturba com o que os olhos não veem. As equipes econômicas trabalham com abstrações e eternos métodos de ensaio-e-erro, dando seu jeito de fugir ao óbvio com ar de quem sabe tudo. Seus saberes passam ao largo das necessidades primárias de dar de comer a quem tem fome ou criar condições que facilitem a todas as camadas da sociedade o acesso a uma vida digna. Interesses mais altos se levantam, e além disso existe esse ser metafórico e mutante a que chamamos mercado – álibi perfeito para legitimar a ganância dos mais fortes.
Enquanto isso, com a cabeça ainda povoada de transcendências esgarçadas, a gente cria programas inócuos de nomes tocantes, campanhas de efeito fugaz e abraça o Pão de Açúcar invocando a paz. Como se a paz fosse um orixá e não um estado de espírito. 
Mas afinal, quem somos? Será que von Trier foi pessimista demais quando construiu sua Dogville?

12 comentários:

césar disse...

Bem capaz, bem capaz...
Bj

Luma Rosa disse...

Infelizmente a agressividade dotou o homem de raciocínio. Estranho não? Os cientistas evolucionistas acreditam que a seleção natural avançava na direção do aparecimento de uma mão que pode ser usada como uma arma, e que a agressividade desempenhou um papel mais importante no desenvolvimento humano do que se pensava anteriormente. Essa agressividade se manifesta de várias formas, entre elas, a guerra.
Ainda bem que temos o outro extremo e podemos nos orientar por nterdependência, empatia, solidariedade, cooperação, partilhamento: Ao contrário, a ideologia dominante em nossa cultura é a do individualismo.
Gosto muito daquela frase de Confúcio: “nada é o bastante para quem considera pouco o que é suficiente”.
VAmos cuidando do nosso espaço :)
Venho lhe desejar um rico e santo natal, cheio de alegria e afeto!!
Beijus,

dade amorim disse...

Também acho, César!
Abração de Natal!

dade amorim disse...

Luma querida, obrigada pelo comentário tão rico e verdadeiro.
Que Deus nos dê um Natal de alegrias e paz, um ano novo em que predominem a felicidade!
Beijos

Nilson Barcelli disse...

Sempre lutámos para sobreviver.
Talvez por hábito genético, continuamos a lutar mesmo que não seja para sobreviver...

Dade, minha querida amiga
Os meu votos de um FELIZ ANO NOVO.
Para ti e para os que te são mais queridos.

Beijo.

Jota Effe Esse disse...

Há infiitas maneiras de matar, mas não precisamos de nenhuma delas, por fim todos morreremos. Apressar o fim é uma isensatez. Meu beijo.

Nanda disse...

Dade, eu sou uma eterna Pollyanna, então, apesar de tudo, acho que ainda temos salvação...rs - Fiz umas mudanças na caverna, gostaria que desse uma olhada. beijos e bom Carnaval.

AC disse...

Dade,
Nos momentos conturbados somos formatados para sermos uma turba sem memória, apenas com reacções primárias.
Grande texto.

Beijo :)

dade amorim disse...

O mesmo desejo para você e os seus, Nilson.

Abraço grande.

dade amorim disse...

Jota Effe Esse, tem toda razão - ninguém escapa!

Beijo.

dade amorim disse...

Nanda, passei lá na Caverna e gostei das mudanças.

Beijo

dade amorim disse...

Obrigada pelo comentário, AC. Seus comentários sempre valem a pena.

Um abraço dos grandes.