Sofrimento
que ninguém descreve,
como um peso na alma [...]
é a dor das águas que o moinho moi, é a
dor que não sabe onde é que doi.
Dante Milano
como um peso na alma [...]
é a dor das águas que o moinho moi, é a
dor que não sabe onde é que doi.
Dante Milano
Às vezes se adota a opinião alheia como uma roupa de
segunda mão e fica-se “de bem com a vida”. A coisa é tão bem feitinha que até
pensamos ser nossas as ideias que nos implantam pela raiz dos cabelos e pelos
poros. Armado o jogo, vilões, mocinhos, princesas, bandidos, vítimas e
algozes ficam nítidos e fáceis de entender. Podemos então acompanhar o movimento
das peças, num jogo de papéis definidos e objetivos
simplificados. E o que seria drama e dor alheia, na notícia pungente da
primeira manchete, ganha um colorido atraente, como se não passasse de um espetáculo.
Notícia iradas passam rapidinho e
dão lugar a outras também sensacionais, de vida igualmente curta. Porque essa
coisa de parar num assunto é um tédio.
Pode ser que as imagens formatadas para o consumo sejam um bom suporte para a projeção das dores de cada um.
Não faz tanto mal que tenha
problemas reais, se tenho um anestésico tão poderoso. Melhor assim, sofro menos
sendo parte da imensa multidão resignada que acha que nada vai mudar mesmo, e
embarca na idolatria das imagens misteriosamente belas, mágicas, coloridas, que sorriem sempre. Tipo Caras, Quem, por aí.
My funny Valentine interpretada por Alfonso Gugliucci, o Pianista Italiano
2 comentários:
Pelo que tenho notado, senso crítico é 'mercadoria' em falta no mercado. O resultado é terrível. Uma nação que nada questiona e tudo aceita. Beijos, Dade!
Beijo pra você, Nanda
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