Briga. Foto sem nome de autor.
Dia Metral vivia mergulhado em suas lucubrações. Era um tipo radical,
fechadão e de poucos amigos. Desde os tempos de escola, nunca admitiu ser
contrariado ou desmentido em nada, embora sistematicamente contrariasse todo
mundo.
Quando se apaixonou por uma vizinha, moça muito dócil, e decidiu que se
casaria com ela, foi vapt-vupt: em dois meses eram marido e mulher. A senhora
Metral, que se chamava Peri, agora Peri Metral, mantinha a calma em qualquer
situação e tentava resolver tudo na conversa. Contornava as situações com muito
tato e diplomacia. Evitava brigas com vizinhos que contrariavam Dia e
amansava-o com jantares e sobremesas deliciosas.
A rabujice e teimosia de Metral no entanto
começavam a incomodar a pobre mulher além da conta. Tentou discutir a relação
com ele, mas a resposta foi um taxativo vai pra cozinha. Peri, que nunca tomava
decisões impensadas e contornava todas as dificuldades, foi ficando como se diz
por aí cheia de tanto radicalismo e acabou pedindo o divórcio. Dia Metral ficou
azul, roxo, vermelho e depois deu um murro na mesa. Peri correu para o quarto
com medo dele, mas conseguiu o que queria: deixou de ser Peri Metral e voltou a
usar o nome dos pais, senhor e senhora Frase.
Peri Frase não demorou muito a encontrar outro marido, o cordato
Circunlóquio, que se tornou o homem de sua vida e com quem teve uma ninhada de
filhos encantadores e prolixos.
Quanto a Dia Metral, após dez anos de solidão, encontrou enfim a musa
de seus sonhos e não perdeu tempo: casou com ela e viveram brigando para sempre
como cão e gato. A nova paixão se chamava O. Posta.
4 comentários:
Muito bom! Amei o jogo com seus nomes.Parabéns!
Figuras e nomes se completam e fazem uma história bem legal.
Beijos nossos, Dade.
Obrigada, Cainã Ito, muito gentil, vc.
Enylton, não esqueça de passar meu beijo para Marisa também.
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