“Poderíamos basicamente dizer que a ficção
é um meio para os seres humanos
estenderem-se além de seus limites.”
Wolfgang Iser
Jonathan Safran Foer, um jovem vencedor,
autor de Extremamente alto &
incrivelmente perto, declara que, mais ou menos como acontecia com o inglês
W. H. Auden, escreve para descobrir o que pensa. Enfim, mais um escritor que se
anima a dizer que escreve, não por uma estranha compulsão, uma vocação
irreprimível, mas por uma espécie de curiosidade intelectual.
Menos um candidato congênito a virar
estátua. Nada contra quem vira. Nada contra fardões, academias e laureis,
quando expressam o reconhecimento da sociedade ao trabalho de um escritor. Mas
tudo contra quem já começa a carreira com pose de predestinado
à glória. Desmistificar a escrita (assim como qualquer trabalho de criação) é uma virtude e uma necessidade.
6 comentários:
Escreveu pouco e disse muito!
Manoel Carlos
Mas, Dade, creio que as estátuas não se auto-esculpem; quem se encarrega disso é a cultura, o entorno, o sistema, os grupos, sem os quais o autor gozaria do mais absoluto ostracismo, qualquer que fosse a sua disposição inicial. Quantas nulidades há por aí impulsionadas por "padrinhos" e grupelhos dentro das próprias academias ou chancelados por influências misteriosas. Por outro lado, quantos não foram os rebeldes que posteriormente foram encerrados como feras domesticadas nas jaulas do jardim zoológico da cultura? Só existe o autor-ele-mesmo na gaveta. Depois, publicado, ele se torna uma apropriação, mesmo por correntes divergentes. O próprio processo de desmistificação acaba sendo mistificado. Aqueles que se supõem desde já destinados à glória, podem, passando do vestíbulo das louvações, confrontar a maior das decepções mais adiante. Assim como o contrário também pode ocorrer.
Beijo.
Aplaudo de pé, Dade!
É isso mesmo. Quem escreve seriamente escreve para se conhecer também.
(Agora, o Ronaldinho ganhar o Fardão da ABL) é uma afronta para os grandes escritores.
Beijos
Mirze
Dito por você, Manoel, quer dizer muito mesmo.
Um beijo.
Tem toda razão, Marco. As coisas não acontecem como se gostaria, não há uma verdade no processo, tudo é variável.
Beijo.
Pois é, Mirze, deve ser assim - embora nem sempre seja...
Beijo beijo.
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