Às vezes fico
assombrada com a uniformidade de determinados discursos. Vivemos à sombra de um
emaranhado de ideias e pontos de vista ditados por interesses que não conhecemos
e não são os nossos. Não dá para confundir gestos e atitudes impulsivas com
opiniões próprias.
Há uma
diferença sensível entre o que de fato acontece na vida real e o que chega a
nosso conhecimento via mídia. Aderimos um pouco sem sentir à opinião de um ou
outro colunista que admiramos, pelo que sabemos dele e por suas ideias. Até aí,
tudo bem. Mas é preciso cuidado com o efeito cumulativo desse processo. Acabamos
nos condicionando a pensar pela cabeça dos outros, o que não se recomenda, por
melhores que os outros sejam.
O risco da
pressão que a mídia e as opiniões recorrentes exercem sobre nós é maior do que
normalmente se imagina. Fica muito fácil pensar como todo mundo – afinal, por
que ser diferente? Conheço pessoas que se escandalizam com posições discordantes
daquelas da maioria que as cerca. Isso corresponde mais ou menos ao que se
costuma chamar de senso comum. No entanto, o senso comum é um dos piores
inimigos da liberdade de pensamento e do bom senso, justamente por ser um dos
maiores responsáveis por essa cultura deficitária e desfalcada que predomina em
nosso país.
Sem informação,
com a pouca instrução que a escola nos garante e viajando nos universos da tevê
e das revistas comerciais e alienadas que nos cercam, como juntar as peças para
um raciocínio mais alerta? Como entender realmente os fatos, assumir uma atitude
diante deles, ter uma opinião clara e definida?
Afinal, penso o
pensamento de quem? Se é o meu, preciso ficar alerta para avaliar até que ponto
a influência dos outros está me impedindo de pensar e agir de modo coerente com
o que realmente desejo e espero da vida.
6 comentários:
Eu, por exemplo, ando bastante influenciado por blogueiros inteligentes como você.
Faço minhas as palavras do Chorik. Neste emaranhado de pressões, difícil é dizer "eu acho".
Beijos
Obrigada, amigo Chorik. Nem é tanto assim, você sabe. E sua cabeça é privilegiada.
Beijo.
Maria Teresa, seus textos falam de uma cabeça de funcionamento invejável.
Sabe, tive medo que esse texto parecesse meio agressivo, não era a intenção.
Beijo.
Dade, uma pena que senso crítico não se aprende nas escolas... Tenho debatido muito com um amigo, por conta dos erros do Mec; e ele comentou: 'Você anda lendo o pior da Imprensa'. Respondi que não sei se é o 'pior'; mas é algo que me faz pensar em todos os absurdos que se acumulam e nunca têm solução. Beijos.
Dá mesmo uma angústia na gente, esse impasse que se tornou a educação no Brasil. Meu pai costumava dizer que não interessa às elites que o povo seja instruído, e pelo jeito ainda é assim. Triste, né?
Beijo, Nanda.
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