Se viesse já com a fama de Messias, ia ser um sucesso. A gente
anda precisando urgente de um herói confiável, e ninguém ia querer perder a
deixa.
O Globo produziria um vídeo pra vender no sábado, cadernos e especiais de tevê; haveria pesquisas e entrevistas mil nos canais da Globosat,
analisando a repercussão política e econômica do fato, além de livros escritos
em tempo recorde para virar bestsellers instantâneos.
A revista Veja provaria por a+b a
impostura, com toda a história dos ancestrais de JC – ou se apropriaria do
acontecimento em favor da extrema direita, antecipando a história da Igreja
Católica na Idade Média. A Caros Amigos ia procurar o histórico da família e
demonstraria por ensaios e entrevistas a linha ideológica digna de um messias
de nosso tempo. A Piauí publicaria um ensaio de dez páginas contando minúcias da personalidade dele e particularidades de membros da família.
Filmes, documentários, vídeos no YouTube e DVDs piratas reproduziriam o itinerário da estrela
de Belém e trariam depoimentos dos reis magos, que não seriam reis nem magos,
mas nômades do deserto com seus camelos e tralhas. Islamitas e judeus se
digladiariam em nome da fé e novas bombas destruiriam o que ainda estivesse em
pé no Oriente Médio.
Dan Brown lançaria um tijolaço comprovando com falsas
estatísticas e documentos fajutos que JC foi na verdade adotado pelo casal de
Nazaré pra conseguir uma graninha de ONGs favoráveis à adoção de menores
desvalidos. Os EUA imediatamente concitariam o povo americano contra a ameaça
terrorista que representa para o mundo o nascimento, no Oriente, de um sujeito
assim misterioso e de grande apelo para o imaginário universal, num
comportamento em tudo semelhante ao de Pôncio Pilatos, que deve ter sido o primeiro norte-americano da História.
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