Primeira característica da superficialidade: ela dilui em palavras os estados,
as sensações e os devaneios. No texto profundo, a grande diferença é que não há
diluição dessas experiências, mantidas íntegras em seu cerne e em seu mistério:
as palavras apenas expressam, sem representação, o rumor das coisas, não as
coisas. No momento em que são explicitadas, as coisas "enfraquecem" e
passam a integrar o cotidiano, o compreensível.
A
vida que se canta em literatura é uma transfiguração, uma realidade
reinventada chamada arte. Mas a
arte tem seu fundamento e validade no fato mesmo da vida. A arte é a única
linguagem e o único procedimento reconhecidos e válidos na busca do ser,
objetivo a que se chega sempre, seja pela epifania, seja pela meditação.
Fotos de Clarice Lispector, Ana Cristina César e Adélia Prado.
10 comentários:
MARAVILHOSO, Dade!
"No momento que são explicitadas, as coisas enfraquecem";
Seria o momento onde caímos na realidade?
Impressionante!
Beijos
Mirze
É quando a Arte cura...entrando na alma, acolhendo-a, transformando-a em palavra plena.
Abraço do Pedra do Sertão
Minha superficialidade e minha profundidade têm o mesmo tônus da mediocridade, Dade? rs
Em arte nos envolvemos, na maior parte das vezes com pouca arte.
Mais um bom texto, Dade!
Beijo :)
Uma verdae que não é compreensível por todos!
Adorei o texto!
Beijos.
Gracias, Mirze, você é sempre muito amável.
Beijo beijo.
Pedra do Sertão, foi um grande prazer ver você por aqui.
Abraço grande.
Chorik, nem uma coisa nem outra. VOcê prima pela profundidade em seus textos.
Abração.
Obrigadinha, AC, gosto muito do incentivo que você traz.
Abraço amigo.
Obrigada, querido mfc. um abraçoa dos grandes.
Postar um comentário