Foto da Internet sem menção de autor.
Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de
amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contentes, querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence.
A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contém
Ninguém chama de violento.
A tempestade que faz dobrar as bétulas
É tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?
Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
Não lhe é permitido se defender.
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contentes, querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence.
A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contém
Ninguém chama de violento.
A tempestade que faz dobrar as bétulas
É tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?
Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
Não lhe é permitido se defender.
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.
Bertold Brecht
9 comentários:
Um alerta sempre actual.
Brecht é um poeta de eleição!
Dade!
Estou aos prantos. Quanta verdade! Lembrei do meu texto: MULHERES DE PEDRAS, LÁGRIMAS DE VERDADE.
Brecht foi hábil com as palavras e profetizou o que hoje é natural.
Lindo demais.
Beijos
Mirze
Mestre Brecht sempre trata a verdade como deve.
Beijo, Dade.
Lindo poema, verdadeiro acima de tudo.
Bjs.
De acordo, mfc, Brecht é mesmo admirável.
Beijo.
Sim, Mirze, você disse bem: hoje é natural, o que ontem era apenas predição de profetas esclarecidos.
Beijo beijo.
Mestre Brecht não fugia da realidade, Enylton. Sabemos bem disso, pela obra que ele deixou.
Beijo.
Não fosse esse um poema de Bertold Brecht, Kelly.
Beijos pra você.
Simplesmente bárbaro, como tudo do Brecht.
Mas que lembrança providencial, Dade!
um beijo
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