Imagem seu menção de autor.
Enquanto o açúcar e o
adoçante se acomodavam no fundo das xícaras, seus olhares se concentravam nessa
operação com toda a atenção de que eram capazes, não fosse o café ficar
destemperado ou doce demais. Em matéria de café se esmeravam em buscar a
perfeição – bom, não só nisso buscavam a perfeição.
O dia começava a rugir lá
fora. O apartamento recebia os ruídos diretamente da avenida arborizada, bonita
de olhar e dura de ouvir. Concentrados na mesa redonda que recendia a pão quentinho
e café fresco – o dela clareado, o dele puro, café de macho. Queriam assim, à
luz da manhã no jardinzinho da varanda, mínimo divisor comum. Café, leite, pão
e manteiga, nem um queijo a mais, o gosto puro do pão crocante, umas
marias-sem-vergonha junto à grade com ar maroto.
A sala pequena, aberta para
o quarto; de um lado a porta do banheiro, do outro a quitinete; uma bancada
para o computador, uma estante e dois quadros – só reproduções dos extasiantes,
em rodízio.
A casa, extensão do corpo,
sem prescrições, sem moral da história, por favor: só a vida e uma alegria sem
tropeços nem badulaques: o amor. Mais que suficiente.
14 comentários:
Dade:
Para chegar perto do perfeito, talvez não haja necessidade de muito; entretanto, o suficiente fica difícil de ser medido na balança: às vezes transborda, às vezes fica minguado, carente de mais.
Adorei as reminiscências do laboratório.
Beijos
Uma porta, uma sala, a cozinha, os quadros, o café doce ou amargo, reticências que não ocupam uma unica coisa o amor que impera numa casa. Muito bem! Forte abraço.
A descrição de um pequeno almoço saborosíssimo e pleno de trocas cúmplices de olhares... e de amor!
Prescindir do acessório e privilegiar o essencial é matéria que o tempo nos vai ensinando. Mas, para seu usufruto, há pessoas que aprendem mais depressa que outras.
Ainda bem que é assim, há coisas que estão para lá da questão das igualdades.
Beijo :)
DAde, eu sempre gosto dos teus escritos...mas me perco eu teus blogs,rsrs
PERFEITO, DADE!
Trouxe-me uma paz antiga que eu lembro que tinha!
Beijos!
Mirze
Sim, Maria Teresa, às vezes o mínimo é insuficiente.
Beijo e obrigada por sua presença, que me deixa sempre contente.
Essa é a ideia, Furquim.
Obrigada e um abraço grande.
O essencial, não é mesmo, mfc?
Abraço grato pela querida presença.
Tem rezão, AC. A igualdade tem muitos nomes e estágios, não é mesmo?
Abraço grande.
Gracias, Adriana. De qualquer modo, tua presença é muito prazerosa.
Beijos.
Mirze querida, essa paz é um tesouro.
Beijos.
À parte qualidades e características de teus personagens, uma extensão de corpo que se conjugue casa sem moral da história, só a vida - é mais que suficiente - é imprescindível.
Teu texto é amoroso, cuidadoso e belo, Dade.
Obrigada, querida Rejane.
Beijo pra você.
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