terça-feira

Umbigo não fala mas faz silêncio

Queridos, o Umbigo vai dar um tempo.
Quem imagina que blog não medita, não sabe nada de blogs.
Na verdade, há muito a refletir, e não é só por causa da situação geral do país ou do mundo. Aproveito uma viagem para repensar o jeitão azul, o peixão que nos acompanha há seis anos e uma série de mesmices que começa a dar nos nervos. O que (ainda) está vivo, tem que mudar.
Suspensos no mesmo fio, os blogs da casa tiram uma soneca.
Beijos a todos e até a volta.

sábado

Rio, capital das Américas



Arriscamos, torcemos e levamos.

Há quem tenha torcido contra (foram muitos). Mas a turma daqui é muito mais de festa do que de crítica, e a maioria ganhou de lavada. Nem sei se chegou mesmo a haver uma torcida contra, propriamente, mas com certeza havia certo receio de que o Rio vencesse os outros candidatos. As dúvidas se explicam, nessas ruas esburacadas, nessas viagens de ônibus mal conduzidos por motoristas de mal com a vida (deles), nessas linhas insuficientes de metrô. Se explicam pela corrupção vigente nos diferentes níveis de poder – a mesma que impediu Chicago de sediar os jogos de 2016. Sem falar em nossos famosos pivetes.

As dúvidas provieram, talvez acima de tudo, do medo de que nossos bandidos vencessem mais essa parada e conseguissem espantar os gringos e indignar o mundo. Mas o mundo não é a vendinha do seu José, que obedece às ordens dos traficantes e fecha o estabelecimento a qualquer dia e hora. (Embora, não convém esquecer, esses mesmos cascas-grossas tenham posto pra correr o Carrefour – uma empresa multinacional – que fazia a alegria da classe média da Usina da Tijuca e dava emprego ao numeroso pessoal do bem que habita as favelas, mas não obedecia a ordens literais e boçalmente estúpidas.) Eles têm o poder da truculência e de um armamento sofisticado (e o apoio de figurões da classe A), mas não é possível que prefeitura, estado e governo central unidos se deixem abater por essa corja que nos envergonha.

A esmagadora maioria dos condomínios cá de baixo não ousa expor a cara, quando alguém propõe que os moradores se organizem para reivindicar algum sossego e um modo seguro de estancar a favelização crescente dos bairros do Rio. Há mesmo certa pusilanimidade no modo como esses burguesinhos clássicos (nós, no caso) se escondem, assustados como esquilos diante de um cachorro. Embora vergonhosa, essa atitude se explica pelas contrapartidas que atitudes mais corajosas têm desencadeado – mortes brutais e até a tortura, vingança preferida por todos os covardes em todos os tempos.

Apesar de tudo isso e do resto, o Rio é mesmo um lugar de confraternização. O Rio prefere sempre a alegria, haja o que houver, e às vezes a gente se surpreende com a força dessa alegria para salvar situações embaraçosas ou nos tirar do sufoco. Além disso, existem as polícias, cujo contingente deve crescer aos milhares de homens, e o exército – uh, là là – que vai pra rua, como aconteceu na Eco92, lembram?

Então, e como tudo está bem quando acaba bem, vamos vibrar com e pelo o Rio, a vitória do Rio, agora de novo capital, não só do Brasil como das Américas, até o fim das Olimpíadas de 2016. E se tudo der certo, quem sabe, para sempre.





Rio 2016: ministro dos Esportes canta na festa da vitória